Os desafios para vacinar povos indígenas contra a covid-19
Por SOMOS Educação
Na campanha nacional de vacinação contra a covid-19, os povos indígenas estão entre os grupos prioritários para receber a dose, junto aos profissionais de saúde, idosos, pessoas que têm comorbidades que podem agravar o quadro da covid-19 e outras populações vulneráveis, como ribeirinhos e quilombolas. No entanto, profissionais de saúde encontram dificuldades para chegar até as aldeias. Além das horas de viagem, é preciso improvisar salas de vacinação. Muitos indígenas, por sua vez, sentem medo da imunização diante de tantas notícias falsas.
Preocupações
A preocupação dos especialistas, agora, é que a variante da doença encontrada no estado do Amazonas chegue até as aldeias antes da vacinação terminar. Isso poderia aumentar o contágio entre a população nativa. A região já registrou 37 mortes de indígenas por causa da covid-19 desde o início da pandemia e mais de 2 mil foram infectados pela doença. No total, a região abriga 70 mil índios.

Na última semana, o Ministério da Saúde enviou equipes para a terra indígena Yanomami, em Roraima. Isso ocorre uma semana após a informação de que dez crianças morreram com sintomas da covid nas comunidades Waphuta e Kataroa, na região do Surucucu, em Alto Alegre, norte do estado.
Países vizinhos
Enquanto no Brasil a vacinação dos indígenas avança, outros países não apresentaram planos de imunização específicos para as necessidades dessas comunidade. Na Colômbia, por exemplo, onde vivem cerca de 2 milhões de indígenas, o governo disse que quando a campanha de imunização começar, em fevereiro, a prioridade será a vacinação de trabalhadores de saúde e idosos acima de 80 anos.
Líderes indígenas da Amazônia pressionaram os governos dos países da região para garantir o acesso às vacinas contra a covid-19. Denúncias de discriminação foram feitas durante encontro virtual organizado em Quito, no Equador, pela Coordenadoria de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA).
“Vemos discriminação e distribuição desigual nos processos de vacinação: 0,0000001% [dos indígenas vacinados], ou seja, nada”, disse José Gregorio Díaz Mirabal, do povo Wakuenai Kurripaco da Venezuela, coordenador geral da COICA.
“O desenvolvimento da nova onda de covid-19, agora agravado pelo aparecimento da variante brasileira (P1), atinge os mais vulneráveis e revela as tragédias que afetam nossos povos”, complementou o venezuelano.
Fotos: Divulgação
REFERÊNCIAS